Fonte: Bom Dia Rio, Globo. 12 de julho de 2021.
Este artigo tem por objetivo discutir qual o papel da pandemia da Covid -19 e o fechamento das escolas no crescimento da exclusão escolar no Brasil de 2020. Para isso, tomamos como fio condutor de nossa análise uma pesquisa realizada pela Unicef que mostrou que o número de estudantes sem acesso à educação no estado do Rio de Janeiro aumentou durante esse período.
De acordo com uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o número de estudantes sem acesso à educação no estado do Rio de Janeiro cresceu 15 pontos percentuais durante a pandemia. A exclusão escolar entre estudantes de quatro a 17 anos no Brasil, que, em 2019, era de 2,1%, saltou para 17,2% em 2020, atingindo principalmente as crianças de baixa renda em fase de alfabetização, que, longe das salas de aula, enfrentam um desafio ainda maior: a dificuldade de acesso à internet.
“O preço que o país vai pagar é alto”
Para a educadora Andrea Ramal, o preço que o país vai pagar futuramente é alto:
“Aqui, eu destaco, principalmente, o caso das crianças da alfabetização. Essa fase não trata só do aprendizado das letras, tem uma série de outras competências que são desenvolvidas naquele momento, como o foco, por exemplo. Além disso, tem toda uma questão de controle psicomotor, em que a criança aprende a fazer os movimentos para escrever as letras”, explica.
Andrea acrescenta ainda que, em termos de aprendizado, o prejuízo é alto, uma vez que, para a criança se sair bem nas etapas seguintes, é fundamental uma alfabetização bem-feita.
“O mais angustiante é saber que os mais prejudicados são, justamente, aqueles que já têm pouco acesso no dia a dia. Porque, para crianças de escolas particulares, a casa é quase que uma extensão da própria escola, onde há livros, pais escolarizados e acesso à internet”, garante.
“Faltou planejamento do governo”
Ainda segundo a educadora, desde o início da pandemia, não houve o planejamento do governo para uma ação mais imediata:
“Os pais ficaram perdidos sem saber o que fazer, e a gente viu toda a questão da saúde mental dos adolescentes em pauta, quando declararam que passam cerca de oito horas por dia entre as telas do notebook, da televisão e do joguinho eletrônico. Mas quando está o horário de uma leitura, por exemplo? E o contato com a literatura?”, questiona Andrea, que conclui: “Tudo isso se aprende enquanto criança, e quem forma isso é a família com a escola. A escola, inclusive, já poderia estar fazendo ações como revezamento de alunos, dando orientações a mais para os pais, por exemplo. Neste momento, é fundamental reabrirem as escolas e ajudarem os professores e as famílias. Assim, poderemos recuperar alguma coisa desse tempo perdido”, ressalta.
Se você se interessou sobre o assunto e deseja se aprofundar sobre o tema, então não pode deixar de conferir o artigo, “Pandemia: educação brasileira passa por retrocesso”, em que a doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Andrea Ramal, discute os desafios que a pandemia impôs à educação pública.
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