Fonte: Rádio CBN, Escola da Vida. 21 de janeiro 2020.

Nesta semana, no quadro “Escola da Vida”, na CBN Rio, Andrea Ramal comentou as provas do Enem realizadas no domingo. O índice de abstenção foi de 50%. “O Enem não foi um sucesso. Os gestores foram alertados por professores e entidades que pediram o adiamento das provas. Foi o maior índice de abstenção da história do exame. Entendo que o resultado tenha origem no medo relacionado à pandemia aliado à sensação da ausência de uma preparação adequada. Muitos estudantes se recusaram a participar justamente por não se sentirem prontos e preferiram aguardar uma outra oportunidade.”

A especialista orientou quem participou do primeiro dia e pretende fazer as que estão agendadas para o próximo domingo: “essa semana entre uma prova e outra é ideal para descansar a mente e guardar energia para a próxima fase. Mas, claro, sempre lendo e se atualizando em relação aos fatos do dia-dia. O segundo dia já não tem a redação. Então, apesar de ser uma prova grande, com mais de quatro horas de duração, já sentimos um alívio. É preciso tomar muito cuidado em relação à pandemia: no transporte, na chegada aos locais de prova e nas salas de aula. É importante lembrar que ainda não estamos totalmente seguros”.

Andrea Ramal gostou do tema da redação. “O Enem procura, através da redação, que é tão divulgada e discutida, destacar temas que funcionem como alertas sociais. Já foi abordada a violência contra mulher e agora as doenças mentais. No que se refere ao tratamento de doenças mentais temos “um mundo paralelo” no Brasil. Não existe uma estrutura adequada para essa população. Digo “mundo paralelo” porque as famílias que têm parentes nestas condições vivem um calvário. Então o fato do Enem chamar a atenção para esse tema é muito importante para colocar o debate para a mídia. Pena que ficou um pouco apagado devido à pandemia, mas valeu.”

A especialista em educação também comentou sobre a lotação das salas, deixando alguns candidatos de fora. “Foi o cúmulo. É inacreditável que um candidato, após enfrentar tantos obstáculos, chegue no local da prova e tenha mais essa frustração. Isso vai gerar uma nova polêmica: será que vai ser uma prova igual? Será que as condições serão melhores em relação à saúde, com mais pessoas vacinadas? Isso é o resultado de tudo que comentamos: um Ministério da Educação sem um plano concreto e sem diretrizes. Só nos resta aguardar, criticar e ficar atentos para que possamos, de alguma maneira, colaborar com os estudantes e suas famílias” concluiu Andrea Ramal.