Fonte: Caiu no Enem, TV Brasil. 31 de janeiro de 2021.

No programa “Caiu no Enem”, da TV Brasil, Andrea Ramal comentou sobre o Enem como forma de avaliação e meio para o ingresso dos estudantes nas universidades, além de refletir sobre a questão da desigualdade educacional no país.

“O mecanismo que temos hoje para a avaliação e ingresso ao ensino superior não é o ideal. Afinal, um estudante passa no mínimo 12 anos na escola e esse período é avaliado em duas provas. Isso é bastante limitado como avaliação integral de um estudante, sem contar que a prova, exceto pela redação, é de múltipla escolha. Ao longo da trajetória da criança/jovem são desenvolvidas outras competências que essa prova não consegue medir”, destaca a especialista.
De acordo com Andrea Ramal, o envolvimento integral do estudante inclui os trabalhos em grupos, dinâmicas e discussões, apresentações e participações em atividades em sala de aula. No entanto, a prova do Enem contempla apenas um recorte que é mais voltado para os conhecimentos acadêmicos, o que pode gerar ainda mais disparidade entre o ensino nas escolas particulares e nas públicas. “Temos um enorme abismo entre as classes na educação do Brasil. É uma situação social de grande desigualdade que dá origem às desigualdades educacionais”, destaca Andrea Ramal. A educadora acredita que mesmo mudando a prova do Enem, as desigualdades podem continuar existindo.
Isto se deve ao fato dos alunos das escolas particulares receberem mais recursos para a preparação, além de conseguirem fazer cursos preparatórios em paralelo à escola. “A maneira de enfrentarmos esse abismo educacional que existe não pode ser feito pelas formas de avaliações. É pela base, pela qualificação dos professores, as melhorias de infraestrutura das escolas, melhorias socioeconômicas das famílias para que elas possam apoiar a vida escolar dos estudantes, em vez de reforçar a ideia que precisam largar a escola para trabalhar cada vez mais cedo”, conclui Andrea.