Fonte: O Globo / Autora: Julia Amin
Muito mais do que um espaço de estudo e pesquisa, a Biblioteca Popular Municipal Euclides da Cunha, no Cocotá, firma-se como um centro de cultura para a comunidade insulana.
Por acreditar que o esperanto, língua artificial criada em 1887 com o objetivo de facilitar a comunicação entre os povos, é uma forma de unir a civilização, Renaud Hetmanek resolveu passar seu conhecimento adiante. O primeiro contato com o esperanto foi em 1980, mas ele só começou a aprendê-lo em 2000, quando conheceu um professor. Desde então, mergulhou nos estudos e participou de vários congressos no Brasil e ao redor do mundo. As aulas começam na primeira semana de agosto e devem ocorrer às terças ou às quartas, das 15h às 17h, de acordo com a preferência dos alunos. Matrículas podem ser feitas pelo e-mail renaudhetmanek@terra.com.br. Em dois meses e meio, já é possível falar a língua.
— Nem meu próprio sobrenome eu sabia pronunciar direto. Só fui aprender quando conheci poloneses em um congresso de esperanto em Fortaleza. Essa língua proporciona interações fraternais como essa. Na ocasião do congresso, vendi três quadros meus, um para a Polônia, outro para o Canadá e um terceiro para Belo Horizonte. Olha quanta coisa boa. É uma língua de fácil aprendizado, não pertence a país algum e também não tem influência de poder econômico. Tem tudo a ver com liberdade. Eu eu gosto dessa liberdade — define Hetmanek.
A educadora Andrea Ramal afirma que diferentemente do que muita gente pensa, a língua não caiu em desuso. Muitas universidades a têm, inclusive, em sua grade, como a Universidade de Brasília. Para ela, o esperanto já nasce com o objetivo de criar entrosamento entre os falantes, e é uma ótima forma de trabalhar termos éticos e comportamentais.
— O aprendizado é muito interessante, primeiro porque traz a possibilidade de as pessoas conhecerem um outro código linguístico que não está associado a um país e que pode ser falado em qualquer lugar do mundo. É muito desafiadora, intelectualmente e cognitivamente. E os valores que estão por trás desse aprendizado trazem noção de comunidade, intercâmbio cultural e aceitação das diferenças — resume ela.
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