Fonte: Aquelas duas podcast
Este artigo tem por objetivo esclarecer as limitações da educação brasileira escancaradas pela pandemia. Um exemplo disto é a completa ausência de uma política pública direcionada para o fomento da tecnologia na educação.
A educadora, consultora em Educação, escritora e doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal, participou do Aquelas Duas Podcast, apresentado pelas jornalistas Isabella Saes e Cora Rónai, sobre a provável volta às aulas em algumas cidades do Brasil.
Volta às aulas presenciais
“Retornar ou não é uma decisão que cabe aos gestores da área de saúde. Acredito que a volta às aulas deve ser uma das prioridades no final do confinamento, porque enquanto as crianças estiverem em casa os pais também terão certa dificuldade de voltar ao seu trabalho presencial. Nessa volta às aulas, no caso das crianças, é preciso fazer uma grande revisão geral das matérias estudadas, para descobrir o que os alunos aprenderam e em que ponto está cada um deles. No caso dos jovens, nós já temos uma forte evasão no Brasil, no Ensino Médio. Então é fundamental que os alunos sejam motivados para dar valor à escola e para se envolverem novamente na rotina de estudos”, analisa a educadora.
As restrições adotadas no retorno podem prejudicar o ensino?
“As restrições adotadas na volta às aulas podem prejudicar o aprendizado. Primeiro porque a escola deveria ser um ambiente onde o aluno se sinta confortável e à vontade, e teremos muitas restrições, isolamento, novos processos de higiene. Tudo isso é extremamente necessário, mas muda a dinâmica escolar. Além disso, a didática de hoje requer muita interação: trabalhos em grupo, gamificação, atividades extraclasse… Então existe o risco de retroceder para um método de ensino mais tradicional, focado no professor. Em contrapartida, tanto alunos como professores tiveram uma experiência de educação a distância, e certamente poderão seguir explorando essa modalidade, como apoio ao ensino presencial”, destaca a especialista.
Será necessário repetir conteúdos?
“Houve uma defasagem, pois com a pandemia os estudantes precisaram, da noite para o dia, passar do presencial para o ambiente on-line, sem qualquer preparação para isso. As aulas e as atividades foram dadas de maneira improvisada. As instituições de ensino também não estavam preparadas para orientar os estudantes, assim como os docentes. Assim de repente, os professores que lecionavam em salas de aulas presenciais passaram a dar aulas virtuais. Nós não tivemos educação a distância, tivemos apenas uma experiência de ensino remoto. A verdadeira educação online precisa de métodos específicos, preparação de materiais e dos professores, e até mesmo das famílias. Por isso eu insisto que precisa ser feita uma grande revisão das matérias e não supor que houve aprendizado. O que houve foi um quebra-galho e deixou claro que o Brasil ainda precisa avançar em políticas públicas ligadas à tecnologia na educação para termos um ensino híbrido na educação básica”, explica Andrea.
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