Uma das metodologias mais promissoras para renovar a sala de aula é a Sala de Aula Invertida. O americano Jonathan Bergmann, pioneiro do método e um de seus criadores, concedeu a este blog uma entrevista exclusiva, às vésperas de embarcar para sua primeira conferência no país, em evento organizado pelo GEN Educação e Universia Brasil. Na entrevista, ele garante que a Sala de Aula Invertida vai muito além de assistir a vídeos e traz uma nova forma de funcionamento da aula, na qual o professor, em vez de apresentar conteúdos, pode propor oportunidades de aprendizagem ativa e estabelecer mais relacionamento com os estudantes.
Andrea Ramal:O que é a “Sala de Aula Invertida”?
Jon Bergmann: Nosso sistema educacional está falido. Estabelecido sobre o modelo da era industrial, não atende mais às necessidades dos estudantes de hoje. A Sala de Aula Invertida (SAI) é a meta-estratégia que apoia todos os outros métodos de aprendizagem ativa. Funciona por sua simplicidade e impacto. Fundamentalmente, você muda o funcionamento da sala de aula. A apresentação de conteúdos sai do momento de grupo (horário da aula) para o momento individual (tempo do aluno sozinho – em geral, em casa). O momento do grupo (o horário das aulas) se transforma num ambiente em que estratégias de aprendizagem ativa podem ser usadas para aprofundar a compreensão do aluno, esclarecer as suas dúvidas e criar relacionamentos de qualidade.
Andrea Ramal: Comparado com os métodos tradicionais, qual a maior inovação da SAI?
Jon Bergmann: A Sala de Aula Invertida muda o local onde a apresentação de conteúdos acontece e, assim, transforma o encontro com a turma no momento de usar estratégias de aprendizagem ativa. Em vez do professor ficar na frente e dar a aula, o que abre uma distância (eu sou o professor, você é o aluno), na SAI o professor estabelece mais relacionamento com os estudantes, conseguindo atingi-los de um modo que não conseguia antes. Por isso, a SAI é muito mais do que usar vídeos. Ela tem a ver com as coisas ativas que acontecem na aula porque deslocamos as apresentações de conteúdo para outro momento.[…]