O Estatuto da Pessoa com Deficiência prevê multa e prisão de até cinco anos para quem negar matrícula em instituições de ensino para alunos especiais. A educadora Andrea Ramal debateu o assunto no Encontro com Fátima Bernardes.
Ensino inclusivo
“É muito importante que as crianças portadoras de deficiência frequentem a escola regular. Alguns pais querem deixar o filho em uma bolha de superproteção e não expor a criança a certas situações de convivência. Cada caso é um caso, porém em geral, vale a pena fazer essa tentativa. A criança aprende pelo exemplo e observação das outras crianças. Se você matricula seu filho em uma escola em que todos são iguais a ele, seu filho vai acabar repetindo esses comportamentos. Essa vivência é importante para todos. Na escola regular, a criança especial aprende outros comportamentos e se relaciona melhor. Já as outras crianças aprendem a incluir, respeitar o outro e viver num mundo cheio de diferenças, de valores, hábitos e religiões. É uma educação muito mais completa”, explica a Doutora em Educação pela PUC-Rio.
Alunos autistas
“É importante lembrar que, muitas vezes, o professor não faz algo melhor porque não foi preparado para isso. O docente quer incluir, mas não sabe as estratégias corretas. É necessário saber respeitar os ritmos dos estudantes – e isso vale para qualquer aluno, não só os estudantes autistas. Cada um tem o seu ritmo na sala de aula. E, cabe ao mestre promover uma sala de aula plural e múltipla. Na educação de crianças com autismo, existe ainda a questão afetiva, de como estabelecer um relacionamento emocional com o aluno sem ser invasivo e respeitar os momentos em que o aluno quer ficar sozinho. Além disso, o docente precisa entender como ajudá-lo a socializar cada vez mais. Tudo isso são estratégicas ainda pouco estudadas no Brasil. Já nos Estados Unidos existem diversos centros que desenvolvem métodos específicos para capacitar os professores a lidarem com alunos com autismo”, conta a especialista.