O que três professoras do ciclo de alfabetização (anos iniciais do ensino fundamental) de escolas da rede municipal do Rio têm em comum? Errou quem pensou que a resposta fosse apenas alunos, sala de aula e cadernos. Suellen Rocha, de 32 anos, Priscilla Almeida, de 38, e Marianne Figueiredo, de 26, bombam no Instagram. Juntas, elas têm quase 100 mil seguidores na rede social. Para essas professoras, o ensinar e o aprender alcançaram dimensões que vão além da transmissão de conhecimento ao aluno. Com ideias criativas, elas implantaram novas práticas para que os alunos aprendam, com ou sem deficiência, e caíram nas graças da internet.
As professoras contam que os estudantes são incentivados a colocar a mão na massa. Os efeitos positivos da prática são postados nas redes e têm atraído, a cada dia, novos seguidores. Foi assim com Suellen, docente há 11 anos na rede municipal, que dá aulas para o 1º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Artur Azevedo. Ela começou a fazer as postagens em 2014. Atualmente, tem 46,2 mil seguidores no Instagram. São compartilhados as atividades feitas com os alunos nas escolas. Em uma das mais recentes, depois de abordar os contos clássicos na história “Era uma vez 1, 2, 3”, a professora trabalhou com a linguagem não-verbal dos emojis, o que, segundo ela, a criançada adora.
Docentes têm seguidores do Brasil e do exterior
As professoras famosas no Instagram contam que a maior parte dos seus seguidores é de professores. Porém, há também os estudantes de pedagogia e outras áreas da Educação, além dos pais e responsáveis pelos alunos. Elas disseram ainda que os seguidores não estão restritos ao Brasil, há muitas pessoas que acompanham os trabalhos das docentes em toda parte do mundo.
Especialista diz que alunos não podem mais conviver com uma escola linear
Doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal, diz que em sala de aula há estudantes diferentes daqueles de décadas anteriores. Segundo ela, os alunos são cidadãos da cibercultura – que surgiu a partir do uso da rede de computadores e de outros suportes tecnológicos. Ainda de acordo com a especialista, atualmente, os alunos se relacionam com o conhecimento de uma forma mais ativa e interativa.
“Os alunos não podem mais conviver com uma escola linear, em que o professor fala e o aluno ouve, anota e estuda para uma prova”, explicou Andrea. De acordo com ela, quanto mais a escola se abrir para a interatividade, sendo o lugar de múltiplas vozes, no qual uns aprendem com os outros, com a orientação do professor, melhor os estudantes irão aprender.
Ainda conforme a especialista, existe a proposta da Sala de Aula Invertida, que é o estudo de conteúdos básicos antes das aulas, a partir de recursos como vídeos, textos, áudios e games. Já em sala, o professor aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares. Além disso, esclarece dúvidas e estimula a troca entre os alunos, fixando a aprendizagem. Segundo Andrea, a metodologia funciona bem também para o ensino à distância por utilizar recursos tecnológicos que favorecem o empenho e a participação do estudante.
“As aulas são mais produtivas e participativas, menos expositivas. Os alunos se engajam mais no conteúdo e os professores precisam de menos tempo para explicar conceitos básicos”, destacou Andrea.