Foto: Pixabay

Fonte: CBN

 

No Escola da Vida dessa quinta-feira, dia 4 de julho,  a educadora Andrea Ramal analisou o novo formato digital do ENEM, proposto pelo MEC, já a partir de 2020.

“A tendência do nosso mundo é realmente o digital.  O MEC e as escolas devem se mover nessa direção. É importante lembrar que nossos jovens estão cada vez mais próximos da tecnologia. Mas, infelizmente, parece que o Ministério da Educação está de olho apenas na ponta final do processo. Digo isso porque teríamos condições totais de implementar o ENEM digital se fosse um caminho natural, em que as escolas vão sendo, progressivamente, equipadas; os professores são capacitados e os alunos vão ganhando intimidade com os computadores. Aí sim você poderia dizer que tudo está pronto e que o ENEM agora é 100% digital. Em resumo: estamos começando pelo fim e não pode ser dessa forma”, comenta.

“É muito importante lembrar que o ultimo senso escolar, que apresenta as condições das escolas brasileiras, constatamos que somente 41% das escolas contam com rede de esgoto, no ensino fundamental, apenas 50% têm fossa, 6% das escolas não têm nada, nem esgoto nem fossa. Olha que situação! Então se encaramos uma realidade dessas, podemos perceber o quanto estamos distantes de trabalhar com um ENEM com cinco milhões de jovens, todos preparados para fazer uma prova em um computador. Isso, claro, sem falar em certos desafios que até podem parecer detalhes, mas não são. Pense, por exemplo, se conseguiremos ter milhões de alunos respondendo as questões em um mesmo tipo de máquina. Quem já mudou de computador sabe como é precisar trabalhar em um teclado novo e não encontrar uma letra ou um acento. Como escrever uma redação em uma máquina jamais usada? Será que não aumentaremos ainda mais as desigualdades? O aluno da escola particular tem todas as condições em casa e renda alta, acesso a diferentes máquinas e está acostumado a com novas tecnologias, jogos, games e textos na internet. E os demais? Como ficam? O Brasil é um pais que precisa muito de inclusão digital. Então acredito que isso só vai dar certo se o governo federal iniciar agora um mega  projeto de informatização nas escolas, com a inclusão digital da população e capacitação dos professores”, ressalta Andrea.

“O projeto piloto vai acontecer voluntariamente e os alunos que quiserem participar vão se inscrever naturalmente.  Assim, todo mundo consegue experimentar, se acostumar e, aos poucos, será ampliado. O ideal mesmo é buscar alunos oriundos de diferentes realidades para que possamos testar se isso vai funcionar mesmo. O problema é quando”, explica a especialista.