Fonte: G1Autora: Andrea Ramal

Quanto maior é a corrupção em um país, mais distantes seus cidadãos ficam de uma educação de qualidade e de um futuro melhor. Até porque educação é o oposto de corrupção. Corrupto é o adulterado, devasso, prevaricador; é quem tem maus hábitos morais, age de forma desonesta para tirar vantagens, se deixa perverter. A educação, ao contrário, remete a instrução e conhecimento, e também a gentileza e cortesia, a dotes intelectuais e morais, à civilidade e ao respeito. E essa diferença é facilmente constatada no Brasil: encheu-se o país de lama e agora, no atoleiro, a educação luta para sobreviver.

Lendo as notícias sobre os crimes atribuídos ao ex-Governador do Rio, Sérgio Cabral, incluindo o pagamentode propina e o desvio de verbas, lembrei-me de um encontro que tive com ele, quando acabava de assumir o primeiro mandato. Fui apresentar um projeto voltado à formação de professores. Ele me respondeu com entusiasmo: “Isso me interessa muito!”. Depois de ouvir a apresentação, não restava dúvidas de que queria realizá-lo, e logo.

Pois bem, o projeto jamais foi adiante, parado nas inúmeras idas e vindas de uma estrutura de governo que tinha outras prioridades. Dá para imaginar quantos bons projetos foram abortados, em tantas Secretarias do país, na mesma dinâmica. E mesmo que não fosse para tais projetos: onde estaria, afinal, a verba? Como explicar o enorme número de escolas sem manutenção, sem biblioteca e até sem quadra esportiva? Como justificar a falta de planos de carreira docente, o despreparo de tantos gestores escolares, o pouco investimento em pesquisa, os problemas envolvendo merenda e transporte escolar? Agora, basta ler os jornais dos últimos meses, para constatar que estudantes e educadores foram traídos.[…]