Na manhã do dia 30 de abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que cortaria 30% dos recursos de três universidades federais — Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade de Brasília (UnB) e Universidade Federal da Bahia (UFBA) —, alegando que promoviam “balbúrdia” e tinham baixo desempenho.
Declarações do ministro
Depois de passar o dia sob críticas da comunidade acadêmica e de especialistas, à noite ele mudou o discurso — e estendeu a medida a todas as universidades federais do país. O corte nas instituições, que soma R$ 2,5 bilhões, ganhou nova justificativa pelo ministro.
Em rede social, ele publicou um vídeo em que afirmou: “Para cada aluno de graduação que eu coloco na faculdade, eu poderia trazer dez crianças para uma creche. Crianças que geralmente são mais humildes, mais pobres, mais carentes, e que, hoje, não têm creches para elas”. Weintraub terminou o vídeo de pouco mais de um minuto com a pergunta: “O que você faria no meu lugar?”.
Opinião dos especialistas
A convite do GLOBO, cinco especialistas comentam as declarações de Weintraub. Questionam sobretudo o fato de o ministro contrapor a educação básica e o ensino superior, que, como dizem, são áreas interdependentes, e respondem à pergunta feita pelo titular da pasta.
A educadora Andrea Ramal, Doutora em Educação pela PUC-Rio, defende que, se não há verba suficiente, o governo deve olhar para as crianças que estão fora da escola.
“O ideal é jamais reduzir, e sim aumentar investimentos, mas o Brasil enfrenta um problema gravíssimo no ensino básico, que gera sequelas nos jovens ao longo da vida. Quando passa por uma educação infantil de qualidade, o aluno dificilmente tem problemas de aprendizagem ou é reprovado no ensino fundamental. Tendo que escolher, já que não há verba suficiente, creio que é necessário olhar para esse contingente enorme de crianças que estão sem creche, sem pré-escola e sem recursos nos primeiros anos do ensino fundamental. O Brasil está entre os que menos gastam com ensino primário, mas tem investimento ‘europeu’ em ensino superior. Investe-se em universitários mais do que o triplo do que com alunos de ensino fundamental e médio. Essa pirâmide não pode seguir assim”, afirma a especialista.