O anúncio da abertura de duas novas escolas militares no estado do Rio de Janeiro, feito pela Secretaria Estadual de Educação, tem gerado debate em relação ao percentual de vagas que deve ser destinado a filhos de policiais, bombeiros e integrantes das Forças Armadas nessas unidades e à metodologia de ensino que será aplicada. Especialistas em educação ponderam que cotas sociais de inclusão são diferentes de reserva de vagas que atendem a categorias específicas.
De acordo com o secretário de Educação, Pedro Fernandes, as duas unidades serão administradas pelo Corpo de Bombeiros e devem ser alocadas em municípios do sul fluminense – a pasta já confirmou que uma delas será instalada em um colégio desativado em Volta Redonda, enquanto estuda a viabilidade de instalação de outra no município de Miguel Pereira.
Editais de seleção de alunos divulgados neste ano para três escolas controladas pela Polícia Militar do Rio fixam em 90% a reserva de vagas para filhos de policiais – atualmente, o estado conta com três escolas militares na rede estadual.
Nas novas unidades, que também integrarão a rede pública no estado, o governo Wilson Witzel (PSC) ainda não informou qual percentual será destinado aos filhos de militares assim como o custo dessas escolas. Procurado para comentar a linha pedagógica a ser adotada, Pedro Fernandes disse, por meio da sua assessoria, que essa questão assim como a contratação de professores caberá ao Corpo de Bombeiros.
Para a Andrea Ramal, consultora em Educação, se houver concurso, todos devem concorrer em condições de igualdade. “Creio que não deveria haver reserva de vagas para filhos de militares. Se houver concurso, todos deveriam concorrer e na seleção precisam ser usados os mesmos critérios”, opina.
A implantação de novas escolas militares no Rio divide opiniões de especialistas. Dono de uma das melhores avaliações no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dentre as escolas estaduais do Rio, o Colégio da Polícia Militar de Niterói prioriza disciplinas como português e matemática na grade de ensino e une a metodologia a uma rotina de solenidades que incluem o hasteamento da bandeira do Brasil e a execução do Hino Nacional.
A educadora Andre Ramal pondera que ainda não se sabe qual será a qualificação pedagógica de quem vai assumir a direção de cada escola.
“Acredito que essa é uma nova opção que está sendo dada ao cidadão fluminense, já que alguns segmentos da sociedade vêm pedindo uma escola que estabeleça limites mais claros com os adolescentes. Uma escola militar não é autoritária a priori”, analisa a Doutora em Educação pela PUC-Rio.
“É uma escola que dá especial importância à disciplina e à organização. Vamos acompanhar como isso vai ocorrer. Há que avaliar os resultados futuros, tanto educacionais, quanto humanos”, avalia a especialista.