Em 1967, a Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) criou o Dia Mundial da Alfabetização, data que é lembrada no dia 8 de setembro. De acordo com o IBGE, existem quase 11,5 milhões de jovens e adultos analfabetos no Brasil, sendo a maior parte, quase 10 milhões, com mais de 40 anos. A educadora Andrea Ramal participou do Jornal GloboNews edição das 10h e destacou que o impacto do analfabetismo é imenso para o Brasil.
“Como vimos essa semana na divulgação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), já tem no mínimo 10 anos, que foi quando a avaliação foi criada, que a educação brasileira ficou estagnada. A mesma situação tem acontecido na alfabetização. O país possui a meta de zerar, até 2024, o número de analfabetos. No entanto, até o momento, houve pouca melhora. Ainda existe uma agravante: o enorme número de analfabetos funcionais, que hoje são estimados em 38 milhões. O Índice de Desenvolvimento Humano considera esse indicador e é que por isso que diversas regiões brasileiras apresentam um IDH tão baixo. Esse é um dos critérios porque depende da alfabetização a capacidade de ler o mundo, ingressar e se manter no mercado de trabalho e se posicionar como cidadão”, destaca Andrea Ramal.
A educadora conta a experiência que teve, por dez anos, com educação de jovens e adultos. “Conheci diversas histórias emocionantes de pessoas que chegam à sala de aula e não têm coragem de responder a chamada, de tão baixa que é sua autoestima. É incrível vê-las se transformando, se empoderando, ganhando autonomia intelectual e levando conhecimento para a família. Essas pessoas precisam ser incluídas pela sociedade, tanto antes quanto depois da alfabetização. Digo antes porque temos evasão nos cursos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) devido à falta de políticas sociais que apoiem esses alunos. Existem pessoas que abandonam o EJA porque precisam trabalhar em uma segunda jornada. Outro problema é que os estudantes chegam às aulas noturnas com fome, estressados com o engarrafamento, preocupados porque precisam acordar muito cedo no dia seguinte. Políticas sociais de apoio a esses indivíduos que querem, mesmo que tardiamente, se alfabetizar representariam um investimento que traria muitos benefícios para a sociedade”, comenta a especialista.
Mesmo diante de tantas dificuldades, é possível ter esperança? Segundo Andrea Ramal, “podemos ter esperança, especialmente, pelos educadores que atuam na área, que são extremamente comprometidos, que acreditam que é possível aprender, se educar e se formar. Quero aproveitar que estamos próximos do Dia Mundial da Alfabetização para homenagear os docentes que não desistiram dessas pessoas e fazem de tudo para oferecer uma educação de qualidade. O que tenho a dizer para jovens e adultos que se perguntam se devem se alfabetizar é: vale muito a pena! O conhecimento é seu, ninguém pode tirá-lo de você. Acredite em si mesmo!”, aconselha.