O programa Sem Censura Especial Coronavírus, da TV Brasil, teve a participação da educadora Andrea Ramal ao vivo. A Doutora em Educação pela PUC-Rio aborda a transformação da educação que migra, em alguns contextos sociais mais favorecidos, para o ambiente online. Comentou ainda da importância do espaço físico no aprendizado e os desafios da educação a distância em um país como o Brasil.
Com o fechamento das escolas, cerca de 1,5 bilhão de estudantes ficaram sem aulas presenciais em 160 países, segundo relatório do Banco Mundial. Muitas escolas têm aproveitado a situação para desenvolver metodologias novas, com uso de tecnologias digitais e também se aprofundar nas que já existem. Mas como ficam as realidades analógicas como a do Brasil? Este é um dos desafios que a pandemia trouxe para governos, educadores, pais e estudantes.
Alternativas
“A saída é parar de pensar na ideia, um pouco arbitrária, de ano letivo e pensar nas competências que precisam ser desenvolvidas. O aprendizagem é um processo. Não adianta dar aula com cronômetro ligado. A recente medida provisória, editada pelo governo, de reduzir os 200 dias letivos, mas manter a carga horária de 800 horas, com crianças tendo aulas por oito, 12 horas por dia é inviável. O caminho é pensarmos em módulos, esquecendo um pouco as séries e desenvolvendo as competências cuidadosamente. Ao longo dos anos letivos, o aprendizado pode se consolidar, apesar da paralisação que temos hoje”, comenta Andrea.
Ensino a distância
“A educação a distância é uma saída para o ensino universitário, uma vez que os alunos são mais autônomos. Os estudantes já passaram pelo Enem e pelo vestibular e têm um pouco mais de traquejo com ensino híbrido, que já existe na maioria das faculdades, mesmo nos cursos presenciais. Na educação básica, entretanto, ainda não estamos preparados para o EAD. Muitos dos alunos não têm acesso a computadores. São 40 milhões de estudantes nas escolas públicas e muitos deles sem acesso à tecnologia, sem recursos em casa. Além disso, muitas famílias não conseguem dar apoio no acompanhamento dos estudos dos filhos. Além disso, os professores ainda estão pouco preparados. Nesse momento, a educação a distância pode apenas quebrar um galho, porém não podemos pensar que as aulas EAD valem, hoje, como as aulas normais. O Brasil ainda precisa avançar em políticas públicas ligadas à tecnologia na educação para termos um ensino híbrido na educação básica”, ressalta a especialista.