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Fonte: Guia do Estudante Autora: Taís Ilhéu

 

“Assim como um trem depende de trilhos bem firmes para chegar a seu destino sem descarrilar, num bom texto, precisamos de ligações fortes entre as ideias”. É o que diz a professora Andrea Ramal, consultora de educação e autora do livro Redação Excelente! Para Enem e Vestibulares. Essas “ligações fortes entre as ideias” a que ela se refere é um conceito bem conhecido quando falamos em redação: a coesão.

Já se deparou com aquele tipo de texto sem pé nem cabeça em que uma frase não se conecta com a outra? Pois é, provavelmente faltava coesão ali. Um texto coeso é aquele em que uma oração se conecta a outra e tudo passa a fazer sentido. E se você for fazer Enem, precisa ficar especialmente atento a esse aspecto: sozinho, ele vale 200 pontos na redação! Ainda não entendeu muito bem como aplicar a coesão na prática? Reunimos algumas dicas da professora Andrea para te ajudar.

Aprendendo os conectivos

Sem dúvidas, os protagonistas da coesão são os conectivos. É através deles que uma ideia vai se ligar a outra. Observe no trecho extraído do livro Minha Vida de Menina, de Helena Morley:

“Ainda se pudéssemos ficar na lavra com meu pai, ela não precisava trabalhar tanto. Mas os nossos estudos atrapalham tanto a vida de mamãe, que eu morro de pena dela.”

No trecho, é o “mas” que estabelece uma relação entre as duas orações — nesse caso, de oposição. Na maioria das vezes, assim como nessa, são as conjunções que desempenham o papel de conectivos, mas advérbios e pronomes também podem fazê-lo.

Para facilitar na memorização de conectivos, o ideal é que você pense antes em qual ideia está tentando expressar. Se quiser elencar prioridade ou relevância de uma informação, por exemplo, você pode usar o “primeiramente”. Já para contrapor uma ideia à outra, é possível usar o “por outro lado”, “em contrapartida”, “apesar disso”, e muitos outros. Se a intenção é mostrar como duas ideias se somam, algumas opções são  “além disso”, “sem falar que”, “ao mesmo tempo”.

Para conhecer outros, conheça uma matéria que o Guia do Estudante já publicou sobre os conectivos mais usados.

Os erros mais comuns – e como evitá-los

Sabe o famoso planejamento do texto antes de escrever a redação? Pois é, ele pode te salvar. Começar escrevendo um parágrafo sem ter formulado antes na sua cabeça (ou em um rascunho) onde ele vai parar pode fazer com que as ideias não tenham uma sequência bem estruturada e os argumentos não se liguem entre si. Essa confusão pode gerar um texto sem coesão, no qual as partes não se conversam.

As repetições de palavras, frases muito fragmentadas e o uso do conectivo inadequado também estão entre os erros mais comuns. Para evitá-los, a recomendação de Andrea é uma que você deve ouvir com frequência: leia mais! A leitura ajuda na construção de vocabulário e na compreensão da estrutura dos textos.

Agora aí vai uma dica nossa: que tal exercitar essa leitura com as obras obrigatórias dos outros vestibulares? Assim, você resolve duas pendências de uma só vez.

Sem coerência, de nada vale um texto com coesão

Para falar de coerência, é preciso dar um passo para trás e avaliar a redação de uma perspectiva mais ampla: os argumentos se contradizem entre si? O autor mudou de opinião ao longo do texto? A proposta de intervenção faz sentido com o problema apontado no início do texto? Se as respostas forem não, provavelmente você está diante de um texto incoerente.

Por isso, a professora Andrea pontua que de nada adianta um texto ser gramaticalmente correto e coeso, com bom e variado uso de conectivos entre ideias, se a mensagem que ele transmite não faz sentido. Portanto, fique atento em explicar os argumentos utilizados e tenha cuidado com as contradições. Coesão e coerência devem andar de mãos dadas. Afinal, nada menos do que 400 pontos (200 de coesão e 200 de coerência) da sua redação do Enem dependem disso.