Há quem defenda que celulares são objetos só para maiores – é o caso, por exemplo, do filósofo espanhol Enric Puig Punyet, que acredita que os dispositivos digitais não são tão inofensivos como parecem e não deveriam ser usados antes dos 18 anos. Ele próprio integra a tribo crescente dos “desconectados”, pessoas que decidiram apagar seus perfis em redes sociais e desligar a internet. Mesmo sem ir tão longe, cada vez mais estudiosos alertam sobre os riscos envolvidos no uso de celulares por crianças e adolescentes.
O primeiro deles é o do isolamento social. Crianças plugadas convivem menos com os amigos e com a própria família. Nas refeições, por exemplo, é comum ver crianças entretidas com um aparelho eletrônico e praticamente sem participar da conversa – muitas vezes com estímulo dos pais, que querem sossego. A nova máxima é: “antes, para uma criança ficar quieta, os pais tinham que educar; hoje basta ligar o wi-fi”.
O preço desse alívio momentâneo é alto. Estudos de várias áreas mostram que as crianças que fazem as refeições usando dispositivos móveis têm prejuízo na qualidade da alimentação (consomem menos verduras e frutas e mais bebidas doces), tem menos autoconfiança, podem ter notas mais baixas na escola e falam menos sobre seus problemas com os pais.
>Além disso, o uso intensivo do celular na infância pode afetar o desenvolvimento cognitivo. Hoje sabe-se a importância dos primeiros anos de vida para a formação do cérebro – daí a atenção crescente que tem se dado à pré-escola. É na primeira infância que começa a se desenvolver a complexa habilidade de controlar a própria atenção, a concentração e o foco. […]