Em entrevista ao jornal O Globo, para o jornalista Madson Gama, em 29/9/2024, Andrea Ramal abordou o aumento de casos de discriminação nas escolas e a influência do ambiente familiar no comportamento dos alunos.
Na entrevista, Andrea enfatizou que as atitudes preconceituosas manifestadas por crianças e adolescentes são reflexos dos valores e comportamentos observados no ambiente familiar. Ela citou a frase do filósofo Jean-Jacques Rousseau: “O ser humano nasce bom. A sociedade é que o corrompe”, para ilustrar que, desde cedo, os jovens absorvem e reproduzem as atitudes dos adultos ao seu redor. Por exemplo, se os pais fazem comentários depreciativos sobre pessoas de diferentes características físicas ou orientações sexuais, é provável que os filhos internalizem e repitam essas atitudes na escola.
Andrea também destacou a importância do clima institucional das escolas na prevenção de comportamentos discriminatórios. Ela alertou que ambientes escolares excessivamente competitivos, que valorizam apenas notas e desempenho acadêmico, podem favorecer a ocorrência de discriminação. Para ela, é fundamental que as escolas promovam uma visão humanista, focada na formação integral dos alunos, incentivando atitudes e valores éticos que serão levados para a vida.
Para conscientizar os alunos sobre o preconceito, Andrea sugeriu a implementação de trabalhos preventivos, como dinâmicas de grupo que desenvolvam a empatia. Ela mencionou uma atividade em que os alunos recebem rótulos com características específicas e interagem entre si, permitindo que percebam como os estereótipos podem influenciar comportamentos e relações. Além disso, Andrea ressaltou a importância de envolver as famílias nesse processo, promovendo reuniões que vão além da discussão de notas e desempenho acadêmico, abordando temas relevantes para a formação dos alunos.
A especialista defendeu que a educação para a empatia e o respeito às diferenças deve começar desde a alfabetização, com atividades adequadas à faixa etária que estimulem a convivência harmoniosa e o reconhecimento da diversidade. Ela também enfatizou que, ao tomar conhecimento de um ato discriminatório, a escola deve agir imediatamente, interrompendo a aula para mediar uma conversa entre os alunos envolvidos e buscando uma conciliação. É essencial que as famílias sejam comunicadas e que haja um acompanhamento contínuo para evitar a repetição do comportamento. Andrea acredita que o diálogo deve ser a primeira abordagem, recorrendo a punições apenas em última instância.
Por fim, Andrea observou que, embora casos de discriminação em escolas de alto padrão ganhem mais visibilidade na mídia, esse tipo de violência ocorre em todos os tipos de instituições de ensino e tem crescido em todas as classes sociais. Ela reforçou a necessidade de uma ação conjunta entre escolas e famílias para combater o preconceito e promover um ambiente educacional mais inclusivo e respeitoso.