Cerca de 40% dos professores já ajudaram algum aluno a enfrentar situações desconfortáveis e perigosas relacionadas à internet. Bullying e assédio aparecem como os casos mais frequentes. O recorte é inédito em uma pesquisa que é realizada há oito anos. Em 2017, mais de 1000 professores, que atuam em áreas urbanas, foram entrevistados e contaram a atuação em episódios em situações envolvendo bullying, discriminação ou divulgação de imagens sem consentimento.
O levantamento mostrou ainda que é baixo o número de escolas que promovem palestras ou cursos sobre o uso consciente da internet. Menos de 50% das instituições de ensino privado adotaram esse tipo de iniciativa. A situação nas escolas públicas é ainda pior e o percentual não passa de 18%.
A pesquisa mostrou ainda que os desafios em regiões distantes das grandes cidades são outros. Apenas 36% das instituições de ensino da zona rural têm computadores conectados à rede.
“A pesquisa fala que 40% dos professores ajudaram os alunos em situações de risco, mas isso não quer dizer que apenas 40% foram vítimas. E me preocupa o dado que trata da ausência de computadores nas escolas. Cerca de 36% das escolas na região rural têm apenas um computador conectado à rede. Como é possível, em condições assim, que o professor oriente o aluno, converse com a família e entenda o que está acontecendo na rede com aquele estudante?”, destaca a educadora Andrea Ramal.
Segundo Andrea, a iniciativa do professor de orientar e dar apoio é muito importante porque o bullying não se limita ao período em que o estudante está na escola. “São grandes os riscos de ações assim levarem a criança ou o jovem à depressão”, ressalta.
Andrea Ramal lembrou que é sempre melhor prevenir. “É uma questão mais de segurança que de educação. O ideal é prevenir a partir de conversas, ações de conscientização e dinâmicas de grupo. Ou seja, tudo que ajude os alunos a perceberem o potencial da internet e como a rede pode ser usada para o bem e, por outro lado, todas as consequências do uso de maneira negativa”.