A educadora e consultora Andrea Ramal palestrou na primeira edição do FlipCon Brasil, congresso mundial sobre sala de aula invertida ou flipped learning, promovido pelo GEN Educação e pela Universia Brasil. Além de Jonathan Bergmann, pioneiro da Flipped Classroom, o evento também teve como convidado o Gabriel Elmor Filho, Doutor em Ciências do IME. O evento, no auditório do Universia Brasil, Torre Santander, em São Paulo, foi direcionado a líderes e gestores do ensino superior.
A proposta da Sala de Aula Invertida é o estudo de conteúdos básicos antes das aulas, a partir de recursos como vídeos, textos, áudios e games. Já em sala, o professor aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares. Além disso, esclarece dúvidas e estimula a troca entre os alunos, fixando a aprendizagem. A metodologia funciona muito bem também para o ensino à distância por utilizar recursos tecnológicos que favorecem o empenho e a participação do estudante.
A sala de aula invertida é um modelo metodológico alinhado com as novas formas de aprender porque confere ao estudante mais autonomia, estimula seu protagonismo e parte dos princípios de flexibilidade e personalização. Segundo a educadora Andrea Ramal, “os estudos realizados em diversas instituições apresentam ganho em relação à metodologia tradicional, independentemente da disciplina. As aulas são mais produtivas e participativas, menos expositivas. Os alunos se engajam mais no conteúdo e os professores precisam de menos tempo para explicar conceitos básicos”, destaca.
Os casos de sucesso da Sala de Aula Invertida são uma realidade em instituições dos Estados Unidos. Na Universidade de British Columbia, por exemplo, professores de Física, dentre os quais fazia parte Carl Wieman, prêmio Nobel de Física em 2001, aplicaram a metodologia e conseguiram um aumento em 20% na presença e em 40% na participação. Além disso, as notas dos alunos participantes foram duas vezes maiores que as das classes que utilizaram a metodologia tradicional. Já em Harvard, professores de matemática conduziram um estudo de 10 anos em suas classes de cálculo e álgebra, através do qual descobriram que alunos inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de 49 a 74% a mais na aprendizagem que alunos inscritos em aulas tradicionais.
No Brasil, a metodologia chega com força a instituições de ensino superior reconhecidas pela excelência. Andrea Ramal acompanha, atualmente, os casos de sucesso no IME – Instituto Militar de Engenharia e na Mackenzie. “Ambas estão usando no ensino de Engenharia, o que é bem interessante, pois costuma-se associar a sala de aula invertida a áreas como humanas e ciências sociais. Mas, na verdade, ela pode ser bem aplicada em qualquer disciplina e área do conhecimento”, esclarece a especialista.