Fonte: Gazeta do Povo, 26 de julho de 2021.

Este artigo tem por objetivo apresentar alguns pontos sensíveis acerca do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), seus aspectos positivos e negativos, e discutir se sua aplicabilidade se estende para todas as situações educacionais ou apenas em ocasiões específicas.

O Ministério da Educação deve levar ainda neste ano o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) a mais 74 escolas brasileiras. A meta é atingir 216 instituições de ensino até 2023. Embora seja custeado pelo governo federal, o programa depende da adesão das unidades da Federação – até agora, são 22 –, e cada secretaria estadual participa da seleção das escolas que passarão a adotar o novo modelo.

Modelo coleciona críticas

Uma das críticas ao projeto é de que ele seria baseado em premissas incorretas: como boa parte das escolas militares têm mais recursos financeiros, e como essas unidades normalmente selecionam os alunos que vão entrar, o desempenho superior não necessariamente se devia ao modelo militar de administração.

Modelo cívico-militar não é a solução para todos os problemas da educação

Na opinião da professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC–Rio), especialista em educação, Andrea Ramal, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, as escolas cívico-militares podem ser eficazes em casos extremos, mas não devem ser vistas como a solução para a falta de qualidade de ensino de forma geral:

“Eu só utilizaria essa ideia de trazer militares para conseguir disciplina em casos extremamente graves, como escolas onde há furtos ou uso de tóxicos. Mas, se estivermos falando do cotidiano escolar como um todo, de uma escola sem problemas extremos, eu sou mais a favor do que diz a educação contemporânea”, avalia. Andrea afirma que, atualmente, o foco dos educadores costuma ser na autonomia e no comprometimento dos alunos, sem o que ela denomina “repressão disciplinar”.

Se você se interessa pela educação em seus diversos modelos, então não pode deixar passar o artigo de O Globo: Escolas e alunos se preparam para o novo ensino médio”, no qual a doutora em educação Andrea Ramal debate acerca dos impactos previstos para instituições e estudantes com a implementação do novo ensino médio a partir de 2022.