Foto: Reprodução | ANEC

Fonte: A Tarde| Autora: Gabriela Albach

 

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) está abaixo da meta prevista pelo governo federal. O Ideb é o principal indicador de qualidade da educação básica no país e, segundo o levantamento, nenhum estado atingiu a meta que tinha para 2017 no ensino médio e cinco deles registraram queda. A Bahia está entre os estados que tiveram diminuição no Ideb, ao lado de Amazonas, Roraima, Amapá e Rio de Janeiro.

O estado ficou em último lugar no ranking nacional, com o pior ensino médio do país, alcançando 3,0, de uma meta de 4,3. Já em relação aos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), incluindo redes de ensino pública e privada, a Bahia ultrapassou a meta (4,4) chegando a 5,1. Nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano), o estado voltou a apresentar números insatisfatórios: Ideb 3,7, quando o previsto era 4,3.

Em níveis nacionais, a meta fixada para o ensino médio era de 4,7, mas o Ideb chegou apenas a 3,8. Em 2011, 2013 e 2015 (os últimos três estudos realizados), o número estava estagnado em 3,7. Foi estabelecida a meta de chega a 5,0 em, 2019; e 5,2, em 2021.

Apesar da proposta, o ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou que será difícil alcançar os números. “Neste ritmo, nós não cumpriremos as metas em 2021. Se continuarmos desse jeito, não cumpriremos em décadas. Há uma necessidade muito grande de fazermos logo mudanças estruturantes”, declarou em coletiva de imprensa, destacando a Reforma do Ensino Médio, aprovada no ano passado.

Até 2015, os resultados do ensino médio, diferentemente do ensino fundamental, eram obtidos a partir de uma amostra de escolas. A partir da edição de 2017, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), passou a ser aplicado a todas as escolas públicas e, por adesão, às escolas privadas. Pela primeira vez o Inep passou a calcular Ideb para as escolas de ensino médio. Apesar do crescimento observado, o país está distante da meta projetada.

Para Andrea Ramal, educadora, consultora em Educação, escritora e Doutora em Educação pela PUC-Rio os dados mostram que a educação brasileira está estagnada. “Se você analisa o Ensino Médio público de 2007, que é quando o Ideb foi criado, o Brasil ficou com a nota 3,2 e agora em 2017 nós temos a média da educação pública no Ensino Médio de 3,5. Isso mostra que foram dez anos patinando, sem nunca ter alcançado a nota 4”, argumenta.

A rede particular de nenhum estado conseguiu atingir a meta no ensino médio, apresentando o Ideb de 5,8 para uma meta de 6,7. Em relação ao ensino fundamental, a disparidade foi menor, de 7,1 para 7,2.

Mesmo incluindo as redes particular e pública, a evolução do ensino médio nacional foi baixa. Em 2005 o Ideb foi 3,4 e 13 anos depois, o número chegou apenas a 3,8. Os anos iniciais o ensino fundamental superaram a meta de 5,5 e chegaram a 5,8. Ainda nos últimos anos do ensino fundamental, o país apresentou aumento de 4,5 para 4,7, mas não alcançou a meta (5,0).

“Por um lado, existe uma grande desigualdade entre a escola pública e a privada, e essa desigualdade vai se tornar bem patente quando esses estudantes fizerem o Enem e buscarem ingressar na faculdade e no mercado de trabalho. No entanto, ao mesmo tempo, a escola particular brasileira tem ficado sempre nos mesmos índices, até mesmo abaixo da meta esperada. Isso mostra que a crise do ensino brasileiro atinge a todos, inclusive aos professores, que são pouco valorizados e estão desmotivados”, complementa Ramal.

A educadora ainda defende que para mudar este cenário é necessário que haja um conjunto de medidas, como formação dos professores, valorização da profissão docente e políticas públicas de continuidade. “Vemos uma troca de Ministros da Educação a cada ano e isso atinge em cheio a pouca continuidade das políticas públicas, reforma dos prédios escolares, mudança da didática. Não existe uma medida só. Há um conjunto de fatores, que quando começarem a ser tratados mesmo assim ainda vai levar bastante tempo para gerar um resultado prático em uma avaliação como o Ideb. Por isso é preciso começar o quanto antes”, conclui.