Estudo em casa | Fonte: Envato/seventyfourimage

Fonte: Escola da Vida, Rádio CBN. 22 out. 2020.

Este artigo tem como finalidade abordar a desigualdade educacional brasileira e sua intensificação com a pandemia e o ensino remoto. Para isso, tomamos como ponto de partida um levantamento recente promovido pela Fundação Getulio Vargas  (FGV) a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tempo que os alunos se dedicaram aos estudos em agosto.

A educadora Andrea Ramal analisou o recente levantamento da Fundação Getulio Vargas  (FGV), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o tempo que os alunos dedicaram aos estudos em agosto. Nas faixas entre seis e 15 anos e entre 16 e 17 anos, os alunos dedicaram pouco mais de duas horas. Da mesma forma, foram identificadas disparidades na dedicação ao ensino remoto para os alunos de escolas particulares e de escolas públicas:

“O tempo foi menor que o recomendado. A própria lei da educação exige que os estudantes tenham, no mínimo, uma jornada de quatro horas diárias de aulas e estudos. Sabemos que o Brasil está distante de outros países onde a jornada é maior, até pela adoção do tempo integral. E isso é preocupante. O levantamento mostra que, novamente, foi constatada a vantagem dos alunos de escolas particulares em comparação aos das públicas.”

Pandemia acirra as desigualdades educacionais

“A pandemia acirrou essas desigualdades. O estudante da escola particular, quando está em casa, mesmo não estudando, por ter condições econômicas melhores, provavelmente, está em um ambiente que favorece o aprendizado: com livros, computadores e TV por assinatura. O aluno de escola pública, muitas vezes, não tem esses recursos. Então é uma dupla exclusão”, analisou Andrea.

Brasil no Pisa

A especialista também comentou o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), coordenado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que identificou que alunos brasileiros estão entre os que têm menos conhecimentos em línguas estrangeiras. Para a educadora, o resultado preocupa:

“Eles têm menos acesso a outras culturas e ao mercado profissional. Muitas empresas, hoje, exigem o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira. Lembrando que a notícia não foi publicada em veículos da área da educação, apenas nos que tratam de economia. Ou seja, é uma notícia que afeta principalmente o desenvolvimento econômico do Brasil, já que compromete as chances de empregabilidade e de intercâmbio com outras culturas”, concluiu Andrea Ramal.

Se você se interessa pelo tema educação e de como a pandemia agravou as desigualdades educacionais, então não pode deixar de ler o artigo Pandemia: educação brasileira passa por retrocesso”, no qual a especialista em educação Andrea Ramal debate acerca dos desafios enfrentados pelas escolas públicas para superar os obstáculos impostos pela pandemia.