“Desbravando uma mata fechada.” Assim Glênio Nascimento, de 24 anos, define o seu trabalho, sendo o único homem nas cinco turmas de educação infantil da Casa Mangueira, em Botafogo. Mas ele não está sozinho. Cada vez mais o público masculino vem se aproximando dessa realidade, na qual homens atuam como professores nos anos pré-escolares. E este foi o tema da matéria publicada na revista Ela, do Jornal O Globo, que contou com a participação da educadora Andrea Ramal.  

De acordo com o Censo da Educação Básica 2021, dos 595 mil docentes na educação infantil (até os 5 anos), apenas 3,7% são do sexo masculino, ou seja, para cada homem há 27 mulheres. Nas fases posteriores da formação educacional, a participação masculina cresce, progressivamente, até se tornar maioria no ensino superior

Contexto histórico 

A ausência do público masculino nos primeiros anos da formação educacional da criança tem uma justificativa histórica, uma vez que, desde os primórdios, os cuidados com os pequenos foram amplamente atribuídos às mulheres. Não por acaso a primeira fase da educação infantil, até os 2 anos, é chamada também de maternal

Segundo Andrea Ramal, doutora em Educação pela PUC-Rio, “na visão tradicional da nossa sociedade, o papel da mulher ainda é muito associado ao de mãe, cuidadora, responsável pelo afeto e pela própria educação das crianças, enquanto o homem sai em busca de sustento”.

Heterogeneidade é a chave para o desenvolvimento socioemocional 

Ainda segundo Andrea Ramal, a convivência com a heterogeneidade nesses primeiros anos – seja com professores homens e mulheres, mais velhos e mais jovens, mais disciplinados ou descontraídos – ajuda a desenvolver competências de aprendizado e habilidades socioemocionais. 

“O bom profissional tem um desafio enorme, porque é uma fase importantíssima do desenvolvimento cognitivo da criança, mas isso não tem a ver com gênero, e sim com perfil, formação e aptidão”, afirma a educadora. 

Se você acompanha o trabalho da Andrea Ramal e quer saber mais sobre igualdade de gênero, então não pode deixar de ler o artigo Papo de Almoço Debate: Como o Machismo Afeta os Homens