Incrementar os recursos didáticos e renovar as formas de ensinar podem ser fatores decisivos para alcançar níveis mais consistentes no aprendizado

Fonte: Zero Hora| Autor: Andrea Ramal

 

Como acontece a cada ano de eleições, a educação já está na boca dos pré-candidatos à Presidência. Podemos até adivinhar quais propostas não faltarão nos discursos: mais escolas em tempo integral, acabar com a aprovação automática, melhorar o salário dos professores. Também não faltará quem prometa mudanças no Enem, investimento de 10% do PIB e o aumento das vagas em creches.

O risco de um ano-calendário como este é que a educação real, que acontece no dia a dia das escolas e universidades, com os 56 milhões de estudantes brasileiros, acabe sem sair do lugar. Assim, ao mesmo tempo em que ouvimos as promessas dos candidatos sobre um país ainda virtual, vale ficar de olho, ao longo do ano, no que os atuais gestores farão para que 2018 não seja um ano perdido.

O ano de 2018 deveria trazer avanços em, no mínimo, quatro frentes. Primeiro, na implementação do Plano Nacional de Educação, que traduz em 20 metas as maiores necessidades da educação brasileira. Ele está em vigência há quase quatro anos e, até o momento, apenas 20% das metas foram alcançadas – mesmo assim, parcialmente. Os gestores públicos não deveriam deixar este ano escapar sem ações concretas que atacassem os principais desafios: o baixo nível do aprendizado, a repetência e a evasão.

Outro ponto, igualmente urgente, é começar a resolver o gravíssimo problema das universidades públicas. São 300 campi, de 63 instituições, em crescente deterioração, situação crítica que prejudica estudantes, professores e pesquisadores, colocando em risco não só a formação dos profissionais, como também a inovação, a produção de conhecimento e, em consequência, a competitividade do país.

Por fim, não deveria se deixar de lado a questão pedagógica. As metodologias ativas de aprendizado já são uma realidade nos sistemas educacionais de ponta. As aulas tradicionais, centradas no professor, não estimulam os estudantes da geração multimídia. Incrementar os recursos didáticos e renovar as formas de ensinar podem ser fatores decisivos para alcançar níveis mais consistentes no aprendizado. Em todas estas frentes, muitas coisas boas podem ser feitas enquanto esperamos a hora de votar.