Fonte: entrevista no programa ‘É de Casa’, Rede Globo

12 set. 2020

Este artigo tem como objetivo tratar dos principais impactos da pandemia sobre crianças e adolescentes em idade escolar, e que estão fora das salas de aula por conta da Covid-19. Buscaremos analisar de maneira detalhada os desdobramentos emocionais, educacionais e psicológicos do fechamento das escolas sobre esse grupo específico e demonstrar como essa situação agrava, ainda mais, a realidade de desigualdade educacional e social de nosso país.  

Algumas cidades estão retomando as aulas presenciais, iniciativa que vem dividindo as opiniões de pais e professores. E, no centro desse impasse, estão as questões ligadas à saúde e à educação.

A educadora Andrea Ramal esteve no programa É de Casa, da Globo, para falar sobre o tema:

“Nós precisamos voltar para uma escola diferente. Quando eu defendo a volta às aulas, entre aspas, não me refiro a todos sentados, lado a lado, em uma sala de aula fechada, ouvindo o professor falar e trabalhando em grupo. Muito pelo contrário! Mas precisamos pensar nos danos emocionais que esse período vem causando em crianças e jovens, muitos ainda vivendo no isolamento”, explica Andrea

Segundo a educadora, é preciso pensar na escola como um espaço aberto, onde crianças e adolescentes possam receber orientações sobre que trabalhos fazer em casa, indicações de leitura e encontrar colegas e professores com o devido distanciamento.

“Nós, inclusive, já podemos pensar nessa retomada em cidades que já abriram outros espaços. No Rio de Janeiro, por exemplo, foi divulgada uma carta do Sindicato de Escolas Particulares que questionava o fato de uma cidade que já abriu bares e restaurantes mantem suas escolas fechadas”, explica a especialista.

Andrea alerta que já não é mais possível pensar em calendário e que questões de aprovação devem ser deixadas de lado para que seja
priorizada o auxílio para que os estudantes passem melhor, do ponto de vista emocional, por esse momento e não abandonem os estudos.
Outro ponto destacado por Andrea Ramal foi a desigualdade social. Essa situação já existia e gera também as desigualdades educacionais, com as  escolas particulares levando uma imensa vantagem sobre as públicas, sempre em busca de recursos.

A pandemia agravou essa situação:

“É importante lembrar que, mesmo com as escolas fechadas, as famílias com mais poder aquisitivo têm mais livros em casa, tem internet com velocidade, além de pais com boa formação acadêmica, que conseguem orientar os filhos para aprender. A pandemia nos mostrou o quanto estamos atrasados em relação ao ensino do futuro, o ensino híbrido, com parte online e parte presencial. Os países mais desenvolvidos já vão nessa linha. E se a pandemia pode deixar alguma lição na educação: sinal de alerta para que tenhamos um plano de inclusão digital para que, no futuro, todos possamos aprender presencialmente e em ambiente online.”