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Fonte: A Gazeta do Povo. Gabriel de Arruda Castro. 16 de janeiro 2020.

Andrea Ramal conversou com a Gazeta do Povo sobre o relatório do Banco Mundial que avalia o aproveitamento do tempo dos estudantes em sala de aula:

Para Andrea Ramal, doutora em Educação pela PUC do Rio de Janeiro, os brasileiros passam muito pouco tempo em sala de aula, mas o problema não pode ser visto isoladamente e precisa ser acompanhado por uma revisão nos métodos de ensino e no conteúdo. “É fundamental ampliar o horário das crianças na escola no ensino básico, porque para muitas delas a escola é o único local com oportunidade de aprendizado. Mas, se a gente não mudar a escola, acaba não tendo efeito’, ressalta.
Aumentar o número de dias letivos por ano ou estender o tempo do aluno em sala de aula são mudanças estruturais que exigem uma grande dose de planejamento e, mais importante, recursos financeiros. Mas a redução do desperdício de tempo em sala de aula pode ser feita sem custos consideráveis.

Segundo a especialista, uma das medidas que podem aumentar a efetividade do tempo de sala de aula é a diminuição da fragmentação do tempo: em vez de ter diversas aulas de 50 minutos, com troca constante de professores e novas chamadas, seria mais efetivo agrupar as aulas. “Adotar mais aulas de dois tempos ou trabalhar por projetos em vez de só disciplinas fragmentadas seria uma maneira de mudar isso”, afirma a professora.

Outro aspecto essencial é aumentar a disciplina. Mas isso depende, em grande parte, de um trabalho junto às famílias. “A disciplina revela primeiro uma falta de limites colocados pela própria família, para exigir que as crianças e jovens respeitem o tempo da escola, a oportunidade dos outros aprenderem e o professor que preparou a sua aula”, afirma Andrea.